Arquivo da categoria ‘outras’

Mudar-se, sim. Perder as origens, jamais. :)

Mudar-se, sim. Perder as origens, jamais. 🙂

Quando me dei conta, já entrava no metrô sem pensar, caminho automático mental estação-casa-trabalho-casa. Já não olhava pras pessoas, a não ser pelo reflexo do vidro do trem. O anonimato foi uma das coisas que sempre me atraiu em São Paulo. Poder andar por aí, com o cabelo mais cagado do mundo, com a certeza que não vai encontrar ninguém conhecido no caminho.

Quando uma velha amiga viu eu me plantar à porta do metrô, na velocidade de um raio, na busca por um assento à sombra e ao ar (nem sempre) condicionado da CPTM, exclamou assustada: “virou paulistana mesmo!”. Quando me vi, já tinha trabalhado sábado, domingo e feriado. Tinha passado finais de semana inteiros dentro de casa, só pelo cansaço acumulado de segunda a sexta – e workaholic é só uma palavra descolada pra dizer que não tá fácil pra ninguém mesmo. (mais…)

Marcha Mundial das Mulheres

O que esperamos de um governo que elegemos por ser parte de um projeto comprometido com a mudança, com outro olhar para as demandas sociais, com outro jeito de (re)conhecer a população? O que esperamos de um governo que acredita na cidade, nas pessoas, e que, ao contrário do velho, acredita que de fato existe amor na cidade de São Paulo? Esperamos que este seja realmente uma outra coisa que não aquela que estávamos cansadas de saber, de questionar e de resistir. Por que dizer isso agora? Porque acreditamos realmente que as coisas, que por sinal já estão mudando, possam mudar em todos os âmbitos e lugares, pois para a construção de uma nova política pública requer diálogo, escuta, e, mais do que tudo, requer a troca e a incorporação das propostas dos movimentos sociais. Esse texto parte de um descontentamento, já antigo das mulheres, sobre uma das principais ações…

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Marcha Mundial das Mulheres

Por: Bruna Provazi*

Neste final de semana (8 e 9 de dezembro), vai rolar a segunda edição do Festival Mulheres no Volante em Brasília (DF), reunindo múltiplas linguagens e expressões artísticas protagonizadas por mulheres. O festival surgiu em 2007, na cidade mineira de Juiz de Fora, diante da sensação incômoda de ir a eventos e só ver homens no palco e na produção, e da grande vontade de fazer alguma coisa pra mudar isso.

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Na primeira edição do evento, rolaram um debate sobre a mulher na arte, uma oficina de skate para meninas e shows com bandas femininas (com pelo menos uma mulher instrumentista). Já na segunda edição, em 2008, passamos a agregar também diversas outras manifestações artísticas, tais como fotografia, artes plásticas, videoarte, dança e literatura. Além de mais um debate, tivemos ainda cerca de dez oficinas diferentes, sempre com os objetivos de dar visibilidade às mulheres que produzem…

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A empolgação de meus amigos com a obra-prima de Jack Kerouac sempre foi diretamente proporcional à minha preguiça para com ele. Certa vez, há alguns anos, lá pelas tantas em uma mesa de bar, um deles chegou a propor que pulássemos dentro de um vagão de trem que cortava nossa cidade, rumo ao desconhecido. A aventura seria toda registrada em sua mini-dv recém-comprada, e daria origem a um curta-metragem meio “beat nik pós-moderno mineiro”. Respondi com mais um gole de cerveja à proposta inusitada, enquanto imaginava o quão fácil seria descobrirmos o destino daquele vagão, e o quão difícil seria explicar para meus pais que iria me ausentar por alguns dias(?) pra dar um rolê num trem sabe-se lá pra onde com uns amigos que nunca lhes apresentara. É claro que a viagem jamais aconteceu. (mais…)

Nós do movimento Música Para Baixar (MPB) compreendemos a música não apenas como entretenimento mas como uma forma da  liberdade de expressão de ideias e sentimentos humanos. A falta de transparência na distribuição de recursos advindos da produção e o acesso intermediado por monopólios não contribuem para a diversidade musical brasileira tampouco para uma maior geração de renda dos artífices envolvidos na cadeia produtiva da música. (mais…)

Muito além do Cisne Branco

Publicado: fevereiro 9, 2011 em outras

Quem nunca se sentiu obcecada em executar uma tarefa com perfeição, sobretudo diante de uma plateia quase sempre hostil? Quem nunca sentiu ânsia de vomito após ingerir uma quantidade de calorias além da permitida em uma dieta balanceada? Quem nunca olhou para a figura feminina da mãe com certa dose de pudor? Quem nunca teve receio do poder exercido pela figura masculina de um professor, chefe, pai, namorado ou mesmo irmão? Quem nunca se sentiu  assediada, moral ou fisicamente, pela figura masculina de um professor, chefe, pai, namorado ou mesmo irmão? Quem nunca olhou para uma amiga mais bonita com certo misto de interesse e rancor? Quem nunca se sentiu enclausurada pelo mundinho cor-de-rosa das bonecas, caixinhas de música e laços de fita? Quem nunca descontou raiva em seres inanimados porque, de repente (inconscientemente), viu neles o reflexo de sua própria situação? Quem nunca ouviu dizer que era preciso ser forte, não sem antes passar um batom? Quem nunca teve medo de perder a glória junto com a juventude? E quem disse que, para arrancar aplausos da plateia, é preciso sangrar?

Natalie Portman (Nina) no filme Black Swan (Cisne Negro).

Vista suas melhores sapatilhas. Prenda os cabelos bem alto. Conserte a postura. Não desvie o olhar.
Enlouquecer, revoltar-se ou deixar pulsar depende apenas da maneira como você pretende  chegar ao final da coreografia. Aos olhos d@s integrad@s, as duas primeiras se sobressaem como as melhores opções. Já a terceira tem a ver com controlar o cisne negro interior, em prol de uma encenação sem graça da vida. A pergunta é: por quanto tempo? Por quanto tempo o cisne negro ficará adormecido e que mal isso provocará?

Betty Friedan já nos alertou, há quase cinquenta anos, que dele deriva o tal “mal estar que não tem nome”, aquele sentimento de frustração das mulheres com sua harmônica e bem-sucedida vida de boa mãe, boa esposa e boa dona-de-casa (hoje também boa profissional). E que se materializa – já sabemos – em violência sexista, distúrbios alimentares, mortes por abortamentos mal-sucedidos, etc, etc, etc. Antes de atravessar a rua quando vir o cisne negro, vale olhar mais de perto para o reflexo do branco e se perguntar de qual lado da calçada você realmente está.

É sobre isso que o tal do feminismo fala. É sobre isso que o Cisne Negro fala.

E é sobre isso que o Festival Mulheres no Volante 4.0 vai falar.

It’s My Party…

Publicado: dezembro 28, 2010 em outras

apresentando o trabalho de kelly reemtsen. acabei de conhecer e de me apaixonar.

 

seguem outros trampos dela… (mais…)

Sempre ela(s)

Publicado: dezembro 16, 2010 em outras

Domingo passado, um amigo me mostrou a revista Rolling Stone deste mês. Passei pelas primeiras páginas e dei logo de cara com essa publicidade(?) da Devassa.

Páginas 6 e 7 da revista Rolling Stone deste mês (edição 51, dez 2010)

Não consegui nem ler a revista. Tirei uma foto da propaganda, tuitei e depois postei no Facebook. Várias pessoas retuitaram e compartilharam minhas náuseas. A imagem circulou por várias listas das quais participo. Feministas – sempre elas – escreveram textos em protesto e denunciaram ao CONAR. (mais…)

Na manhã dessa ensolarada sexta-feira, duas garotas cruzaram a cidade de São Paulo rumo ao Howard Johnson Faria Lima. Na área externa do Hotel, duas mulheres, uma de cabelos molhados, a outra de óculos-escuros, ambas de roupas despojadas, conversavam, tranquilamente sentadas à mesa de madeira. Entre uma frase e outra da primeira, a segunda passava os olhos pela tela de um laptop. Como está a situação da mulher, hoje, no Brasil?

Assim começou o encontro entre a Fuzarca Feminista, representada pela Clarisse Aló e por mim, e as Guerrilla Girls. Logo que nos apresentamos, Kathe e Frida, como gostam de ser chamadas duas das artistas fundadoras e mais atuantes do coletivo, “abriram para as perguntas”. Estavam interessadas em saber mais sobre Dilma Rousseff (Ela é feminista? Como ganhou a eleição?), sobre a quantidade de mães solteiras, sobre os índices de violência e sobre a questão do aborto no país. O aborto é permitido no Brasil? Mas as mulheres fazem? Ah, então quem são presas são as pobres, right? BINGO! Kathe e Frida, através de uma lógica simples e sem maiores esforços, rapidamente diagnosticaram o que parece tão difícil de ser compreendido por aqui…

The Birth of Feminism - Guerrilla Girls no SESC

Em seguida, passamos para uma prova oral sobre a Marcha Mundial das Mulheres. Interessadas em conhecer nossa atuação, queriam saber como se faz para entrar no movimento, quais são nossas pautas e, principalmente, como conseguimos articular a organização internacionalmente.

Por mais de trinta minutos, fomos entrevistadas pelas Guerrilla Girls. Fomos lá para entrevistá-las e acabamos entrevistadas por elas(!). Ainda um pouco desnorteadas, passamos então para as nossas próprias perguntas. Finalmente, pudemos ligar o gravador (de áudio). Elas não haviam nos permitido filmar; estavam sem máscaras, o que tornou aquele momento ainda mais especial – nós sabíamos a identidade secreta de nossas semi-heroínas!

Guerrilla em protesto inusitado

As gorilas nos contaram um pouco sobre a origem do grupo e nos deram ideias de ativismos. Mostraram-nos um pôster sobre o aborto, no qual, em meio a uma manifestação, elas aparecem segurando cartazes reivindicando a volta dos valores tradicionais. Em seguida, a explicação: conforme haviam descoberto, o aborto era uma prática recorrente e legal nos EUA dos séculos anteriores. Quando questionadas a respeito de uma possível apropriação de sua arte, hoje, pelos meios massivos e pelos grandes museus que sempre criticaram, foram enfáticas: Queremos inspirar outras pessoas, e quanto mais pessoas pudermos atingir com a nossa mensagem, melhor.

Com certeza, eu, a Clarisse e todo mundo que foi até o SESC Pinheiros, à noite, saímos bastante inspiradas.

 

Guerrilla Girls e Fuzarca Feminista

 

Liberdade, Igualdade e Sexo

Publicado: novembro 18, 2010 em outras, riot grrrl

Entrar numa loja de instrumentos musicais é sempre uma aventura extremamente desagradável – pros seres humanos do sexo feminino. Isso nem é nenhuma novidade pra mim, inclusive já falei sobre aqui, mas não deixa de ser uma experiência exótica a cada vez…

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