Arquivo da categoria ‘mídia’

Fonte: G1.

Fonte: G1.

Escrevo este texto ao som do zunido de helicópteros e de disparos de bombas de gás lacrimogêneo aqui e acolá. Não muito longe, a Polícia Militar do Estado de São Paulo executa a operação de guerra montada para remover, criminosamente, as famílias que ocupam um prédio no centro de São Paulo. É ano de eleição, e Geraldo Alckmin batalha insidiosamente pelo voto do “cidadão de bem” paulistano.

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A Marcha Mundial das Mulheres repudia o anúncio da empresa Preservativos Prudence, pertencente à campanha “Dieta do Sexo”, por apologia ao estupro.

A publicidade foi colocada na página da Prudence no Facebook no dia 16 de julho, e só hoje (30/07/12) retirada de circulação. Tal anúncio refere-se a uma “Dieta do Sexo”, mostrando quantas calorias é possível perder praticando diferentes atos sexuais. Entre os atos citados, há dois polêmicos: “Tirando a roupa dela sem o consentimento dela: 190 cal” e “Abrindo o sutiã com uma mão, apanhando dela: 208 cal”.

Apesar da alegação de ambiguidade, o primeiro item não deixa dúvidas, pois menciona explicitamente se tratar de uma relação sexual não-consentida: sexo sem consentimento é estupro. Pior que isso: a empresa sugere que sexo forçado (estupro) vale mais, pois gastam-se 190 calorias, do que sexo com consentimento (10 calorias).

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Gisele anda fazendo muito xixi no banho.

É tão lindo fazer parte de um movimento social que consegue expressar exatamente o que você está pensando… 🙂 

 
Carta de apoio à SPM 
Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, expressamos nosso apoio à Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SPM), especialmente à Ministra Iriny Lopes, pela posição firme, destemida e comprometida com a construção da igualdade entre homens e mulheres.
 
A contestação e pedido de suspensão junto ao CONAR da propaganda da Hope foi uma medida assertiva por parte desta Secretaria. A construção da SPM e SEPPIR, ainda no governo Lula, afirmou o avanço na compreensão de que o combate às desigualdades de gênero e raça é obrigação do Estado.

A internet às vezes dá essa sensação de que tudo já foi falado sobre todas as coisas por um monte de gente, inclusive a gente mesma. E aí dá uma preguiça imensa de escrever. Mas, como estou menos preocupada com número de acessos do que com (des)arranjos de ideias, às vezes simplesmente não consigo evitar. Na maioria das vezes, escrevo quando deveria estar fazendo outra coisa – geralmente, uma tarefa. Ou quando deveria ter dito ou feito alguma coisa que, pela correlação de forças, por acaso dos acontecimentos ou por pura impotência, não fiz. (mais…)

Fonte: Documentário "O Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia"

Hoje rolou um ato aqui em São Paulo pelo direito à banda larga barata e de qualidade para tod@s. A campanha Banda Larga é um direito seu! repudia os rumos que tomaram as negociações do governo com as teles e esse Plano Nacional de Banda Larga.

Nós da Marcha Mundial das Mulheres também nos colocamos nessa luta pelo direito à comunicação. Leia a Carta aberta por um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil e assista ao vídeo O Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia para entender por quê.

#minhainternetcaiu  (mais…)

Casa noturna dos CQCistas é repudiada na #marchadasvadias

Já havia falado aqui sobre a incitação do estupro feita pelo CQCista Rafael Bastos, inclusive sugerindo que as pessoas manifestassem sua indignação enviando e-mails para o Ministério Público de São Paulo e se expressando na rede e nas ruas – como fizemos na Marcha das Vadias de São Paulo. A resposta do MP representa uma vitória para nós, feministas, que fizemos barulho sobre o caUso. Mas, certamente, a vitória maior é de todas as mulheres brasileiras, pois representa o reconhecimento de que a violência sexista existe e seu enfrentamento é uma questão que deve ser tratada de forma pública, pois a “livre expressão” do machismo é uma das formas de sua reprodução. (mais…)

Um par de coxas, por favor

Publicado: abril 18, 2011 em mídia, mercantilização

Você é um pedaço de carne! Eu te peguei em um açougue e te usei! Você é gostosa sim, mas é só um par de coxas! Para ser mulher de verdade precisa mais do que ter silicone! O meu casamento é muito mais importante do que você!”, dispara Cortez, humilhando-a ainda mais. 

Natalie se ajoelha, agarra-o pelas pernas e se declara, mas o banqueiro é irredutível. Ele avisa que ela deve deixar o quarto em uma hora, e sai.

Cena que vai ao ar nesta quinta na novela Insensato Coração.

Não, não é literatura de banca de jornal. A citação acima é do capítulo que vai ao ar na próxima quinta-feira (21), na novela das nove da Globo, Insensato Coração. A “notícia” me chegou através de uma lista de e-mails (Blogueiras Feministas) e, como já disse aqui, a gente precisa escrever mais sobre o que se passa na chamada mídia de massas, então resolvi dar meu pontapé inicial. (mais…)

Ontem eu e a Tica participamos de uma mesa na Semana da Mulher da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP que tinha como tema “Mercantilização do corpo e do sexo”. A Thandara, quem me convidou pra participar, queria que eu falasse especificamente da representação da mulher nos meios de comunicação, e um pouco sobre a mulher nos espaços de produção de cultura também, a partir do Festival Mulheres no Volante. [Tudo isso em dez minutos. Rysos.]

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Dizem que “pior que Legião Urbana, só os fãs de Legião Urbana”. Dizem que “o problema do Ramones são os fãs”. Mas ainda paira uma dúvida. O que é pior: o CQC ou os fãs de CQC? Não falo do público médio, que se informa pelo Jornal Nacional, pela Folha de São Paulo e pelo @blogdonoblat. Falo da classe média progressista, que bate no peito pra se entitular “anti” qualquer coisa e que mal (ou bem) sabe, está compactuando com essa típica peça neo-nazista.

Sinceramente, me digam EM QUÊ MUNDO fazer mulheres-objeto de “piadas” extremamente grosseiras e sexistas, divididas entre prostitutas ou barangas, por essa corja de machos-cafetões que as condena enquanto consome seu “produto” pode ser considerado “humor”?? Com que direito a mesma corja que compra Playboy e que se alimenta, diariamente, das mulheres-fruta pode apontar o dedo para elas, tão coagidas pelo sistema capitalista patriarcal que, muitas vezes, não conseguem responder a tais ofensas senão com um risinho tímido ou um sorriso amarelo? Muitas vezes, elas sequer se dão conta de que são as grandes vítimas da história. Bruna Surfistinha, grande troféu pra classe média machista se vangloriar em dizer que “a mulher está nessa vida porque gosta” confessou ter começado a se prostituir pra se sentir valorizada, porque se achava feia. Arrisco a comparar tal declaração com os tais sorrisos amarelados: EM QUÊ MUNDO uma mulher precisa ser alvo de assédio em rede pública para se sentir valorizada? Peço desculpas publicamente aqui, por não achar isso engraçado.

Mas isso não é tudo. Deixemos de lado as mulheres que trabalham com seu corpo – e que, para a corja, por si só já merecem ser alvo de todo o seu lixo preconceituoso. Como se não bastassem os ataques a tais moças, tal como o machão que bate na esposa porque está estressado, o CQCista se incomoda com a presença de toda e qualquer mulher no espaço público e busca, incessantemente, desqualificá-las.

Há poucos dias, quando saiu mais uma pesquisa apontando a vantagem de vinte pontos da candidata à presidência Dilma Roussef sobre o tucano José Serra, o centro-avante dos machões CQCistas Danilo Gentili logo se prontificou em publicar em seu twitter algo como “só assim para ela abrir as pernas em cima de um homem” (OI??). Ultimamente, comentários misóginos e ultrajantes como esse garantem a tais “humoristas”, basicamente, três coisas: audiência da “juventude esclarecida”; espaço em um meio de comunicação que, enquanto concessão pública, deveria representar a mulher (e a população) brasileira em sua diversidade; e dinheiro – muito dinheiro. Desculpem, novamente, mas também não acho isso engraçado. Tais “piadas” são sintomáticas da classe de machistas reacionários que, em prol da manutenção de seu status quo, desqualificam toda e qualquer mulher que ouse ultrapassar a fronteira do espaço doméstico e descumprir seu papel “natural” de boa mãe, boa esposa e boa diarista.

Mas os disparos dos homens brancos vestidos de preto não restringem-se às mulheres: homossexuais, pobres e negr@s são tratados com semelhante grau de preconceito e discriminação. Ainda que seja – aparentemente – óbvio, deixo claro aqui que esse tipo de “humor” não é exclusividade dos discípulos de Marcelo Tas. Estamos cansadas de ser igualmente rechaçadas em programas tipo Casseta e Planeta, Pânico e afins – na verdade, pelos meios de comunicação de massa em geral, mas isso fica pra outro texto. O que, supostamente, diferencia o CQC é a tentativa cínica de querer encobrir tal postura neo-nazista com fachada de jornalismo investigativo. É facil assediar a mulher-fruta-da-vez, chamar o tenista negro de King-Kong e jogar glitter nos homossexuais na Parada Gay. O que parece estar muito além do alcance dos engraçadinhos de plantão é fazer piadas inteligentes e questionar os padrões sociais. Mas eles não querem e não estão nem aí pra isso, afinal, de qualquer forma, o público vai rir no final.

Desculpem-me mais uma vez, mas não acho graça nesse tipo de “humor”. Talvez por isso eu seja a favor da censura ao “humor” que nos censura, ao “humor” que ri das minorias historicamente oprimidas e marginalizadas com o aval da classe média esclarecida, e me sinto no direito de fazer passeata, escrever moção de repúdio, colar lambe-lambe, criar um blog, um fanzine, quem sabe uma letra de música. Porque cada um(a) luta com as armas que tem e, infelizmente, nós não temos um canal de televisão.

De tempos em tempos, UM crime brutal alimenta as manchetes da mídia brasileira, causando efêmera comoção popular e despertando uma sede de justiça tão grande quanto a de vigiar e punir os assassinos dentro de nós mesm@s. Porém, ao contrário da sentença de condenação, proclamada pelo tribunal-midiático-popular antes mesmo do fim das investigações dos casos Isabela Nardoni e Susane von Richthofen, o caso Eliza Samudio conta com uma testemunha muito relevante a seu favor: o “machismo blindado” pela aliança entre capitalismo e patriarcado.

Mal a pauta da gravidez da modelo Eliza Samudio surgiu na mídia, fez-se coro para taxá-la de prostituta, maria-chuteira e oportunista, enquanto ela tentava provar a paternidade de Bruno Fernandes, goleiro do Flamengo. Até um filme pornô do qual Eliza teria participado surgiu à tona. Ela já havia registrado queixa de agressão contra o goleiro, e, em outubro de 2009, a delegada responsável pela Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá (RJ) pediu à Justiça medidas de proteção para a jovem. Em entrevista ao Jornal Extra, descreveu as ameaças. Oito meses depois, ela desapareceu, sem que qualquer providência houvesse sido tomada.

Quando o desaparecimento e a suspeita de assassinato voltaram a colocá-la em evidência, as revistas Veja e Isto É, em sintonia com a Rede Globo e com outros tantos veículos de comunicação, também usaram-se do argumento da desqualificação da jovem para dar seu veredito in dubio pro reu. Na capa da Isto É, a foto de Eliza em pose sensual elimina qualquer possibilidade de discurso a seu favor. Já na Veja, as palavras-chave “orgias”, “traição” e “horror”, deixam semioticamente explícita mensagem de igual teor, a qual nós da Marcha Mundial das Mulheres tratamos por mercantilização do corpo e da vida das mulheres.

A aliança machista logo se articulou para defender o jogador, repetindo episódio ocorrido com o próprio Bruno em março desse ano, quando indagou, em defesa do amigo e colega de trabalho Adriano: “Quem nunca saiu na mão com a mulher?”. Como não poderia ser diferente, no Twitter, a rede social do momento, logo o nome de Eliza constava entre as palavras mais citadas, e, reflexo dessa aliança, a maioria continha condenações moralistas e piadas sexistas.

Mas o que parece ter passado despercebido é que o tópico deveria ser Bruno, e não Eliza. A culpa é do estuprador, e não da mulher que estava de saia, tampouco da saia de Geisy Arruda. A questão não é o comportamento sexual da moça – que, convenhamos, também não engravidou sozinha – e sim o comportamento violento do goleiro. Mas Bruno já está absolvido pela mídia e pelo povo. No Programa “Mais Você” dessa sexta (9), exaltava-se a origem humilde do rapaz e as boas ações realizadas por ele na comunidade, nos levando a pensar que “ele não é tão mau assim, vai”. Somam-se a isso o depoimento de crianças dizendo que sonham em serem jogadores de futebol profissionais e o quanto ficarão decepcionadas se Bruno for culpado; e a entrevista, em clima familiar, com Lúcio, jogador da Seleção Brasileira, mostrando como é um bom pai e marido.

As investigações conduzem à incriminação do jogador e de sua trupe de amigos-primos de apelidos e tatuagens estranhos. No entanto, a conclusão do inquérito pouco importa quando o assunto é violência de gênero. Os juízes da comunicação e boa parte do júri popular brasileiro, sejam eles rubro-negros ou não, há muito já deixaram a rivalidade e as evidências de lado em prol da manutenção da tal aliança. No fundo, Bruno não pode ser condenado, porque representa o futebol-além-do-bem-e-do-mal. Puni-lo publicamente seria desvelar que a violência contra a mulher existe, e que os todo-poderosos-boleiros, além de baterem em prostitutas e patricinhas, também assassinam brutalmente mulheres com quem tiveram um filho. O caso também desvela outra cruel realidade: a rede de prostituição alimentada pelo mundo do futebol multimilionário. As tais “festas de jogadores”, nas quais são contratadas dançarinas, atrizes pornôs e prostitutas, muitas das quais acabam vítimas de agressão física, são apenas uma faceta da indústria do sexo, que levou 40 mil prostitutas à África do Sul, só no período da Copa do Mundo de 2010, e que movimenta, por ano, de 5 a 7 milhões de dólares.

No país em que uma mulher é violentada a cada 15 segundos, e dez mulheres são assassinadas por dia, as vítimas de agressão e o movimento feminista lutam para que a Lei Maria da Penha seja, de fato, cumprida, e para que, um dia, possamos viver em um mundo livre de machismo e de violência.

Bruna Provazi


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